w.c constrangido

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terça-feira

Do poeta e editor Augusto Canetas


Mecanismo de Emergência, é um uivar de cães, onde a poesia se expurga pela noite dentro.

Este livro de pedras poéticas de Tiago Alves da Costa, transporta-nos ao sub-rés-do-chão da universalidade, propõe-nos uma reflexão indelevelmente expurgada de alegorias demandadas de incomensuráveis códigos de ética e equívocos naturais.

Uma das razões para a qual particularmente, como peregrino da poesia, me deixa apaixonado é a curiosidade criativa e imaginativa de um novo olhar sobre um certo estado de alma que as palavras livres nos oferecem.

Tiago A. Costa, tanto nos oferece o quotidiano com a sua rotina e momentos existenciais muito simples, como nos confronta com exaltações semi-ocultas de irónicas observações, anseios, as frustrações de um tempo desfragmentado de princípios e valores. Daí a refinada visão do poeta deste hodierno tempo…  in (“Exércitos de mães”) “Exército de mães / patrulham diariamente as nossas ruas / para nos protegerem do adulto que levamos dentro”.

A introspecção de soledade que a vida nos coloca perante o tormento da rotina, do tédio, pela ausência da partilha… in (“Solidão”) “ ...não chovia / inspirei e saí / quando cheguei / ela estava sentada no umbral sonâmbulo da noite / impaciente e voluptuosa / trazes dinheiro?"

O poeta transporta-nos para uma ficção realista, purgação das palavras que, pessoalmente ao ler esta visão do espaço e do tempo, sinto que estou a viver agora o futuro auspicioso deste fecundado pensador. Uma fortuna!

A poesia é um corpo de pena asfixiadamente quente e frio, em exercício num lagar de uvas até que o suco escorra pelas gargantas expurgadas.

Augusto Canetas

Fonte: https://www.facebook.com/AugustoCanetas/posts/1764507417096453?pnref=story